sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Sobre posse responsável



Ter um gato ou um cão é algo de muita responsabilidade e não é qualquer pessoa que está preparada para o desafio.

Todos os dias vemos cães e gatos vagando pelas ruas da cidade. Alguns se comovem, outros se incomodam, outros são indiferentes. Muitos dos que se incomodam, pensam logo nas doenças que eles podem transmitir e de como a cidade fica feia com aqueles animais feios nas ruas.

Todos entendem que animais vagando nas ruas são um problema, mas cada um tem sua maneira própria de ver, e sua opinião de como o problema deve ser resolvido. Infelizmente, são poucos os que olham o problema pelo lado do animal.

Já parou para pensar de onde esses animais vieram? Você começa a pensar mais sobre isso ao trabalhar com a causa animal e ver como as coisas acontecem na nossa cidade. Uma imensa fatia dessa população é constituída de animais que foram abandonados pelos seus donos. A outra é constituída por crias desses animais.

Já parou para pensar no que acontece com aquela ninhada de gatinhos que, não podendo cuidar, você colocou numa caixa de papelão e deixou no lixo? Ou com aquele cachorro que, quando teve que se mudar, você simplesmente jogou na rua e deu as costas? Eles ficarão vagando pelas ruas, revirando lixo, sendo escorraçados, chutados, violentados, adoecerão e morrerão. A possibilidade deles conseguirem ser levados para um novo lar é mínima. Mas, se você não se preocupa com o animal em si, precisa se preocupar, pelo menos, com os outros seres humanos que habitam o mesmo planeta que você. Eles espalharão lixo pela cidade, produzirão dejetos, terão algumas doenças que podem ser transmitidas aos seres humanos, etc. E nada disso é culpa dele.

Mas, vamos pensar pelo lado dos animais. Gatos e (principalmente) cães, são animais domesticados e altamente dependentes dos seres humanos. Comprar ou adotar um animal e não fornecer os cuidados necessários à manutenção de sua vida é um ato desumano, mas, também, criminoso. Existem leis que tratam sobre esse assunto, mas poucos se preocupam com isso.

Quem tem cães e gatos (e os trata bem) sabe como eles se apegam aos seres humanos e como eles sofrem quando são privados do convívio com as pessoas a quem se apegaram. A todo momento recebemos denúncias de animais que foram abandonados pelos seus tutores. Em alguns casos, os motivos são tão ridículos que seja a dar nojo!

- Vai se mudar e não tem como levar o animal;
- Teve um filho e não tem mais tempo para o animal;
- Teve um filho e acha que o animal vai lhe transmitir doenças;
- O animal cresceu e não é mais tão bonitinho quanto costumava ser quando filhote;
- Achou que o cachorro era de porte pequeno, mas ele ficou muito grande;
- Deixou o animal ficar muito doente e não quer mais ter que cuidar dele;
- Vai passar o Carnaval na praia e não tem como levar o animal.

Esses são os motivos com os quais mais nos deparamos aqui em Jequié, mas já li na internet sobre um caso no qual o cachorro foi devolvido a um abrigo porque não combinava com a decoração da casa!

Além dos casos de abandono, a posse responsável também abarca o aspecto da manutenção da saúde do animal. Pessoas compram ou adotam animais e não pensam que terão trabalho e vários gastos. Cães e gatos precisam de boa alimentação, atenção médica, vacinação, vermifugação, higienização, castração e várias outras coisas. Precisam também de afeto. Para isso, não é preciso que você coloque seu animal na sua cama, que o beije todos os dias, que faça suas vontades. Só é preciso que você o respeite como um ser vivo dependente de você.

Outro aspecto da posse responsável tem a ver com um dos itens que citei acima: a castração. Se você não quer ter sua gata ou sua cadela procriando constantemente, é sua obrigação cuidar para que isso não aconteça. Um exemplo que vemos acontecer constantemente tem a ver com pessoas que criam seus animais com acesso à rua. A gata ou cadela acaba cruzando e, depois do parto e do desmame, você tem que correr atrás de quem queira adotar. Alguns se responsabilizam por esse processo. Outros passam essa responsabilidade para os outros, como se isso fosse a coisa mais normal do mundo. O mais normal é isso acontecer com as gatas, pois elas pulam os muros com facilidade e passeiam livremente. Daí a quantidade de ninhadas abandonadas ser maior entre os gatos. Em outros casos, a pessoa não coloca os gatinhos numa caixa e abandona na rua, mas procura uma instituição que acolhe animais para depositar esses filhotes indesejados e se livrar do problema. Mais uma vez, a pessoa transfere um problema que é seu para pessoas que ela acha que têm obrigação de resolvê-lo, pelo simples fato de serem pessoas que olham o mundo pelos olhos dos animais. A responsabilidade é do tutor do animal!

Bom, depois de tudo isso dito, uma listinha de coisas que esperamos que todas as pessoas que tenham (ou queiram ter) animais de estimação cumpram:

- Só compre ou adote um animal se você tiver a certeza de que pode arcar com sua manutenção. Não é necessário ter muito dinheiro para cuidar bem de um animal, mas é necessário respeitá-lo como ser vivo dependente de você.

- Vacine e vermifugue seus animais regularmente.

- Alimente-o bem e mantenha sua tigela de água sempre limpinha e com água fresca.

- A melhor pessoa para te dizer como cuidar bem do seu animal é o Veterinário. Alguns veterinários cobram valores mais baixos e/ou fazem trabalho voluntário. Fique de olho se algum deles pode te ajudar.

- Se você for se mudar e não puder mesmo levar seu animal, não o descarte como um objeto que perdeu sua utilidade. Sempre haverá alguém de bom coração para te ajudar e ficar com ele. Peça ajuda.

- Se você é uma pessoa que não tem com quem deixar o seu animal em caso de viagem em que não possa levá-lo, não tenha um animal. Conheço pessoas que morrem de vontade de ter um cãozinho, mas não tem por esse motivo. Isso é ser consciente.

- Se seu animal começar a apresentar sinais de doença com queda de pelos, feridas, não significa que ele esteja com Calazar. Procure um bom profissional e faça o tratamento necessário. Não o jogue na rua à própria sorte, nem o entregue para a morte num canil. Em muitos dos casos, a culpa dele estar doente é sua! A culpa não é dele.

- Carrapatos, pulgas, vermes, não são coisas normais de animais, e transmitem doenças sérias. A presença deles deve ser evitada. As lojas de artigos agropecuários vendem coleiras e fármacos que ajudam a controlar os parasitas.

- Castre seus animais. A procriação descontrolada é o que gera a grande população de animais pelas ruas.

- Os abrigos de animais não são depósitos. Tenha respeito por essas instituições e não transfira para elas a responsabilidade de cuidar dos animais que você pegou, mas não deseja mais ter. Os abrigos servem para dar esperança aos animais que encontraram destinos cruéis (abandono, violência, etc.) e esperam por novos lares

- Não dê animais de presente para crianças como um capricho ou como um impulso. Tenha em mente toda a responsabilidade que virá ao ter um animal em casa.

Esperamos que tudo isso ajude você a pensar melhor sobre o que significa ter um animal de estimação. Se você já tem essa consciência, aconselhe pessoas ao seu redor.